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LONGA É A ARTE, TÃO BREVE A VIDA

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domingo, 1 de fevereiro de 2009

Senhora escrevendo carta com sua criada, de Jan Vermeer, 1670.


Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor
se não fossem ridículas.
Também escrevi
em meu tempo cartas de amor,
como as outras, ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
têm de ser ridículas.
Mas, afinal, só as criaturas
que nunca escreveram cartas de amor
é que são ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
sem dar por isso
cartas de amor ridículas.
A verdade é que hoje
as minhas memórias
dessas cartas de amor
é que são ridículas.
___
(Poema Todas as cartas de amor são ridículas, de Fernando Pessoa)

Um comentário:

Tais Luso de Carvalho disse...

Conheço este artista, já postei uma obra sua no Porto das Crônicas. É fantástico.
E o poema, hein? Só poderia ser dele!

Abraço
Tais