O Anjo, de Adriana Garibaldi.

-

Assim que um velho filósofo avistou um jovem observando uma obra de arte, aquele caminhou até este e lhe fez uma pergunta:

-

- O que vê na pintura?

-

O rapaz então respondeu:

-

- O céu e o inferno.

-

Por um certo tempo, o filósofo pensou sobre a resposta e depois disse:

-

- Tem razão. Vemos o céu e o inferno, não como lugares físicos, mas como estados de consciência, criados por nós.

-

- É o que sempre existiu em nossas vidas.

-

- Certamente. Mas percebo que sua juventude não está aberta aos desvarios de viver sem limites.

-

- Por que pensa assim? Não nos conhecemos.

-

- Porque a Arte é um ímã.

-

- É verdade. Sempre que me aproximo dela sinto um magnetismo muito forte e permanente.

-

- Por isso mesmo você não transforma sua juventude em um exército de aflitos, pois toda Arte é um fio imantado que conduz ao divino.

-

O rapaz então se despediu, agradeceu e se retirou.

-

O velho filósofo acompanhou com o olhar até perdê-lo de vista, mas sem antes dizer com palavras exatas:

-

- Será futuramente mais um anjo.

-